Diálogos Esquizofrênicos

6.10.03

... como explicar coisas que não têm explicação? como definir coisas que acontecem de uma forma tão... inesperada/estranha/boa/assustadora/surpreendente?
fazia tempo que eu não me sentia tão bem. quase ninguém me conhece. eu não me conheço. mas ele sabe quem eu sou, ele sabe que eu tenho medo de ficar sozinha, que eu não tenho coragem para levantar a cabeça e ver que não preciso de ninguém. ele sabe que eu busco no outro o que eu não encontro em mim, e que eu preciso de um motivo para lamentar/reclamar/chorar.
ele sabe disso.

5.10.03

... e então eu estava lá, parada no meio da rua, esperando o 592 passar. encostou o 178, desceu um moço de perfume doce, muito doce, que me deu engulhos. engulhos. adoro essa palavra.
fiquei lá, parada, esperando. na verdade eu não esperava pelo 592, foda-se o 592 e todos os outros ônibus da cidade. esperava a confusão passar, tentava decidir o que eu iria fazer, se eu abria a bolsa, pegava o celular e ligava para ele, ou ia a pé até a praia de botafogo, ou atravessava a rua e voltava para o cinema, de onde eu nunca deveria ter saído, não antes do dia seguinte, é isso.
e o moço de perfume doce-muito-doce passou e eu fiquei com engulhos e enjoada e a confusão aumentou, foi como se de repente todas as possibilidades passassem pela minha cabeça ao mesmo e então eu não decidi nada, saí andando pela voluntários da pátria esperando que alguma coisa acontecesse.
mas nada aconteceu. o salto alto grudava nas pedrinhas portuguesas e eu continuava andando, meio chapada da vida, meio embriagada completamente sóbria.
eu nunca sei o que faço.