Diálogos Esquizofrênicos

21.3.03

Abrindo parênteses
E-mails aqui!
Tinha esquecido de dizer.
Voltemos à programação normal - off-diarinho.

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Amigas
Meninas aos seis anos compartilham brinquedos, minha mãe costumava dizer, e aos vinte e seis compartilham rapazes, o que no fundo dá na mesma - excetuando-se o fato de que rapazes infelizmente falam mais do que os brinquedos e não entretém as moças como deveriam.

Ela é estranha. É bonita mas é estranha, sabe? Daquelas meninas que você olha e diz: "Essa é atormentada".
Ela é atormentada, mas é bonita, ele me falou. Ele me disse isso, que também concorda. Mas que diferença faz, ficar falando sobre ela? A menina bonita e estranha? Se sou eu que estou aqui?

Baader-Meinhof Blues
Senti sua falta hoje. Agora há pouco, há dois minutos, e começei a chorar. Senti falta do encanto que havia, do deslumbramento que eu sentia, de como tudo começou.
Acho que foi a melhor fase, o melhor momento de todos. Quero conhecer alguém, quero sentir isso de novo, quero reviver com outra pessoa o que um dia foi bom com você. Mas ao mesmo tempo não quero te deixar sair da minha vida.
E busco pretextos, e procuro desculpas, e invento motivos para te manter perto de mim. E cada dia passa a ser uma conquista, os segundos que você me cede, as situações que eu milimetricamente planejo, um olhar de relance.
Quero mais para mim. Quero coisas inteiras. Mas não quero sem você. E enquanto isso espero. E me submeto a sua vontade, e finjo não me importar com as suas ações, e pareço ter perdido parte do amor que sentia.
Mas não perdi. Cada pessoa nova me traz a sua lembrança, exatamente pela diferença. Busco alguém igual a você. E de repente todas as suas características, as suas atitudes impensadas, o seu meio sorriso e a sua rabugice tornam-se o padrão de qualidade que eu inutilmente procuro. Nada é como você. Ninguém me faz sentir como você fazia. E então, nada mais serve para mim, a eterna imcompleta. Porque ainda tenho você. Mas não tenho totalmente.
Egoísta? Gananciosa? Por querer tudo, e não parte? Talvez. E talvez a palavra mais adequada seja obsessiva. Ou esperançosa. Porque ainda te vejo em tudo que eu faço, te ouço cantando ao meu ouvido, te olho com admiração até quando abre a boca para bocejar.
E ainda talvez porque ingenuamente acredite que você nunca irá ter alguém como eu.
(2001)

Comecei a beber muito tarde, comecei a trepar muito tarde, comecei a dizer trepar muito tarde. Só me dei conta disso ontem, deitado ao lado dela. Ela. Quem era ela? A mulher que eu nunca soube ao certo quem era, mas que eu gostei - gostei, gostei muito.
Gostei dela. Dela e dos olhos azuis dela, e do cabelo engraçado dela, meio bagunçado, ela despenteava o cabelo todos os dias, é, despenteava. Curto e despenteado e preto, bem preto, como o lápis que ela fazia questão de passar nas... pálpebras? É ali que as mulheres usam lápis? No olho, aquela parte de baixo do olho, acho que é pálpebra. Ela usava lápis no olho.
E eu achava lindo, porque toda vez em que ela deitava do meu lado para cinco minutos depois deitar em cima de mim eu via aqueles olhos azuis emoldurados por aquele traço preto e bem riscado, como o cabelo que insistia em cair de trás da orelha dela.
Gostei dela. Comecei a beber muito tarde.
E quando acordei e percebi que ela não estava mais lá, percebi que minha vida, que começou tarde, havia terminado bem cedo. E ela provavelmente estaria bebendo, trepando e dizendo trepar com outro.

A idéia é: trabalho pessoal.
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- Críticas bem vindas.
Novas regras a qualquer momento.

That's me.